Quem não sabe o que procura não sabe o que encontra

                  A procura da felicidade é uma necessidade de todo homem. Agora, como é que o homem a procura? Um destes caminhos está na paz: bem muito almejado nos dias hodiernos mas, contraditoriamente, o bem menos possuído pelas pessoas e pelas nações. Por quê? Certamente porque é procurado onde ela não se encontra pois, é preciso “saber o que se procura para saber o que se encontra”.

Um bem procurado por todos

            Todo homem nesta terra foi criado por Deus com uma sede do Infinito. Esta sentença pode ser demostrada pelo fato de que os homens estão constantemente à procura da felicidade e é nesse estado de espírito que conseguem satisfazer a mencionada sede. Ora, são muitas as formas de felicidade, ou por outra, são muitos os bens que proporcionam a felicidade, um deles é a paz. Quem hoje em dia não está à procura dela? Fala-se de paz entre os países, paz nas cidades, nas escolas, nas famílias; enfim, não há lugar pelo qual passemos onde não ouçamos uma referência à necessidade deste bem. Mas, embora todos almejem a paz, poucos são os que de fato a possuem. Por quê?

A paz material: alguns exemplos

            “Quem não sabe o que procura não sabe o que encontra” diz um vetusto ditado. De fato, a imensa maioria dos homens esta à procura de estilos de paz que não podem lhes satisfazer o próprio desejo de paz. A mais comum delas é a paz material. Muitos acham que a aquisição de bens materiais traz a paz, certamente porque na sua condição social eles estão inteira e largamente atendidos em todas as necessidades da sua vida. Como exemplo, basta analisarmos as fotos abaixo: uma bolsa de valores em plena atividade.

     Todos ali estão numa corrida desenfreada com o desejo de obter bens materiais, porque pensam que assim obterão a paz. É verdade que muitas necessidades básicas são atendidas, mas, se formos perguntar a um deles se se encontram em paz, quantos são os que responderiam afirmativamente? Ora se não estão em paz, o resto de que vale?

            Outro exemplo que poderiamos citar é o famoso caso de Cristina Onassis, cujos pais possuíam uma das maiores fortunas do mundo . Qual foi o bem negado a ela para que decidisse pôr um fim trágico à sua existência terrena se suicidando? À primeira vista, nenhum. No entanto, na atenção descomedida dos bens materiais negou-se-lhe um bem espiritual que certamente tanto desejava: a paz. Quantos outros exemplos nesta linha podemos relembrar, e não só de pessoas abastadas mas também daqueles que procuram os bens materiais de maneira ílicita. Com isto somos obrigados a concluir que não é a paz material a que traz verdadeiramente paz.

A verdadeira paz

            Mas então, qual é a verdadeira paz? A Santa Igreja nos dá a resposta através da clássica definição de Santo Agostinho: “Paz é a tranquilidade da ordem”. E por ordem entende-se a reta disposição das coisas segundo o fim para a qual foram criadas. Vemos por meio desta definição que a Paz é um bem espiritual e não material como muitos pensam. E portanto, ela não é adquirível por meios financeiros.

            Tendo este conceito na mente, passemos a analisar a foto abaixo.

            Um monge rezando na solidão da sua cela pobre, austera e até rude. Porém, como há tranquilidade nesse monge! Como há ordem nele! E do ambiente que o cerca, o que podemos dizer? Tem-se a impressão de que todas as qualidades de alma contidas no monge impregnaram o lugar que aconchegantemente o rodeia. Logo nos vem a pergunta ao espírito, está ele em paz? A resposta salta aos olhos: é evidente.

            O quê há nele que mais o diferencia do resto dos homens? Em síntese a paz de alma. Paz que ele soube procurar no único lugar que a pode fornecer: na tranquilidade de consciência, na prática dos dez mandamentos, no abandono total e despreocupado à vontade Divina por onde procura colocar sua alma em ordem com Deus. E assim, ele soube o que procurava, e portanto, ele o encontrou: a verdadeira paz de alma que todo homem procura nesta terra como parte da sua constante procura da verdadeira felicidade.

Diác. Hernán Cosp