Anderson Fernandes – Teologia I
Quem não se encanta ao visitar ou conhecer as maravilhosas riquezas da Santa Igreja? A alguns, tocará de maneira toda especial a imponência de suas construções, que refletindo a alma dos que as idealizaram, parecem convidar aos que as contemplam a elevarem-se com suas torres, que por vezes parecem tocar o céu. Outros se enlevarão com os interiores das catedrais com suas paredes pintadas pelos raios de sol que, atravessando os vitrais, formam uma harmonia encantadora de luzes e cores. A outros ainda, estará impressa na alma, a recordação de alguma grande e solene celebração numa idéia de conjunto formada pela beleza do templo, a solenidade da liturgia, o perfume do incenso e os acordes do órgão que lhes fizeram viver alguns instantes que mais pareceram celestes do que terrenos.
Alguém poderia levantar o seguinte problema: “É indiscutível que tudo isso é muito bonito; porém, por que tanta grandeza e de onde vem toda esta majestade, toda esta glória manifestada pela Igreja?”
Em sua infinita sabedoria, Deus colocou na criação certas coisas que pareceriam muito contraditórias à primeira vista, mas na verdade constituem uma perfeita harmonia e muitas vezes se completam. Por exemplo, quando Nosso Senhor nos convida a sermos simples como as pombas, entretanto, astutos como as serpentes (Cf. Mt 10, 16)
Assim, Deus dá à sua Igreja dias de uma glória admirável, contudo, essa glória nasce de outra face muitas vezes oculta aos olhos de muitos, que é a dor.
Pensemos nos primeiros séculos de fundação da Igreja, em que só pelo fato de serem cristãos, milhares de homens, mulheres e crianças suportavam terríveis e atrozes torturas que culminavam com a morte, por amor ao Santíssimo nome de Jesus e de sua Santa Igreja.
Pensemos nos sofrimentos dos Papas ao longo da história que, recebendo a missão de dirigir o rebanho de Cristo em meio a perseguições, divisões, e tantas formas de perigos pelas quais passou a Santa Igreja, fizeram de seu dever, um altar em que eles próprios imolaram suas próprias vidas a serviço de Deus e do próximo.
Pensemos nos religiosos e religiosas de todas as épocas, cada um tendo que enfrentar as mais duras provações interiores características a este gênero de vida, e que sofrendo tudo no silêncio de seu recolhimento, sobre eles se debruçavam os próprios anjos e atraiam as bênçãos de Deus.
E assim, se percorrêssemos toda a história da Santa Igreja, desde o seu nascedouro até os dias de hoje, nos encantaríamos com páginas de glórias imortais vividas por ela, entretanto, quantas páginas de dor e de sofrimento… Caro leitor, esta não parece também um pouco a sua história? É bem verdade que temos em nossas vidas momentos de grandes alegrias, mas, quantas aflições, dúvidas e dificuldades. Diante de cada sofrimento que nos depararmos ao longo de nossa vida, saibamos ver no fim, a glória que nos está reservada por Deus no Céu, se soubermos com serenidade, paciência e confiança, levar a cruz de todos os dias; e ao contemplarmos as grandezas e esplendores da Santa Igreja, aprendamos a olhar a fundo a raiz desta glória que nasceu principalmente do Sangue Preciosíssimo de Nosso Senhor Jesus Cristo, das lágrimas de Maria Santíssima, e também da dor e do sofrimento de um número incontável de almas generosas que souberam atender ao convite de Nosso Senhor: “Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mc 8, 34).
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