Felipe Rodrigues – 3º Ano Teologia
Para grande número de jovens estudantes americanos prestes a ingressar nas universidades, Beethoven (1770 – 1827) não é o famoso compositor alemão, mas sim o nome de um cão; e Michelangelo (1475 – 1564) não é sobretudo o grande escultor, poeta e arquiteto italiano, mas apenas um vírus que infecta os computadores.
A informação é da Mindset List (Lista dos “modos de pensar”), divulgada em 17 de agosto pelo Beloit College, de Wisconsin (EUA). A Mindset List é elaborada anualmente, desde 1998, com base num questionário composto de 75 perguntas de cultura geral, distribuído aos jovens pré universitários.
Eis algumas das outras opiniões manifestadas pelos estudantes neste ano de 2010: nunca existiu um país chamado Checoslováquia; as empresas norte-americanas sempre fizeram negócios no Vietnam; Estados Unidos, Canadá y México sempre estiveram unidos por um Tratado de Livre Comércio.
Para esses jovens, que sempre tiveram à disposição computador em casa, o e-mail é “muito lento”, por isso preferem teclar mensagens no aparelho celular. Ademais, poucos sabem escrever em letra cursiva.
Causa espanto que nos Estados Unidos — país mais rico do mundo, pioneiro da tecnologia e do progresso científico — os jovens prestes a começar um curso superior sejam tão mal dotados em matéria de cultura…
Esta realidade suscita várias perguntas. O avanço tecnológico significa sempre progresso intelectual e moral? Passar horas a fio vendo televisão ou navegando na internet proporciona à juventude verdadeira cultura? Para onde caminha nossa humanidade hipertecnologizada?
Não é sem razão que muitos sociólogos se preocupam com a “gigantesca crise cultural”[1] da sociedade hodierna.
[1] CARRIQUIRY LECOUR, Guzmán M. Uma aposta pela América Latina. São Paulo: Paulus, 2002. p. 230. Cf. ARBOLEDA MORA, Carlos Ángel. Profundidad y Cultura. Del concepto de Dios a la experiencia de Dios. Medellín: Universidad Pontificia Bolivariana, 2007. p. 44; TILLICH, Paul. Systematic theology I. Chicago The University of Chicago Press, 1951. p. 83.
Muito Superficial esse comentário né? Mas é compreensível, pois trata-se da análise de um jovem estudante de Teologia sobre um tema um tanto complexo.
Interessante que apagam os comentários que criticam os artigos. Onde está o respeito à opiniao de quem lê? Acredito que faz parte da boa convivência o respeito às diferenças e às críticas. Porém nem todos acham conveniente esse tal respeito.
Percebe-se que o autor apenas levanta questões para que o leitor inteligente tire as conclusões por sua prórpria cabeça…
Em vez de me limitar a criticar as perguntas que o autor propõe, proponho algumas respostas de alguns autores, que aliás, são teólogos. Certamente o comentário deles é mais profundo que o de Leonardo…
A este respeito, o concílio Vaticano II afirmava que “o mundo que se exalta por suas conquistas no campo da técnica e da ciência, mas que carrega também as conseqüências de uma ordem temporal que alguns quiseram reorganizar prescindindo de Deus. Por isso, a sociedade moderna se caracteriza por um grande progresso material a que não corresponde igual progresso no campo moral. Daí, enfraquecer-se o anseio pelos valores do espírito e crescer o impulso para a procura quase exclusiva dos gozos terrenos, que o avanço da técnica põe, com tanta facilidade, ao alcance de todos” (Humanae Salutis, 3).
Romano Guardini comentava a este respeito que “Se poderia partir dos pontos mais diferentes, e sempre se chegaria a este resultado de que a verdadeira justificação do esforço cultural não pode residir em uma utilidade prática, seja qual seja, porque todos estes conhecimentos, esse trabalho, essas criações, comportam também um perigo para o homem que ameaça zonas cada vez mais profundas. Uma vida penetrada de cultura é, em última análise, uma vida segundo a decisão do espírito…” (Romano Guardini. El poder)
E um especialista na área educacional, Luís Antonio Groppo, identificava em seu estudo que em grande parte da população mundial e até mesmo em países “desenvolvidos” um fenômeno de “recesso de civilização”. O autor nota uma “crise da educação e das categorias etárias”, como “fonte principal da desinstitucionalização do curso da vida” (O Fim da “Educação como Pedagogia” e a Crise das Categorias Etárias. Revista de Ciências da Eduacação. A. 6. N. 11 2004/2)