A SEDE DE CONHECIMENTO

Desde os mais remotos tempos da humanidade se discute acerca da variedade das criaturas existentes no universo e quais seus significados. Não há homem que não tenha parado e contemplado, por exemplo, o imenso céu azul, as aves que nele pairam ou o sol que o ilumina. Se nos detivermos um pouco que seja no campo filosófico encontraremos os pré-socráticos que voltavam suas atenções para a cosmologia, logo, observavam o mundo, a natureza. Estes são chamados os filósofos da physis. Quando se voltavam para o mundo, vendo assim a beleza existente neste, naturalmente queriam descobrir como este havia surgido e qual a substância que o constituía, pois para os pré-socráticos a substância além de ser o princípio físico era também o princípio vital.

Dentro deste período pré-socrático encontramos uma escola denominada Jônica, pois se localizava na Jônia, na Ásia Menor.

Para os jônios antigos o universo era considerado estático, eles buscavam determinar o elemento primordial que compõe todos os seres. Entre estes temos Tales de Mileto que, contemplando o mundo criado e tentando chegar ao seu ponto de partida, determina que água era seu elemento principal. De contra partida, Anaxímenes deduzia que o elemento causador de tudo  era o ar.

Após estes aparecem os jônios posteriores considerando o universo como dinâmico, procurando resolver a questão do movimento e da transformação dos corpos. Um desses jônios foi Empédocles que definiu que a constituição dos seres tinha base em quatro elementos: o fogo, o ar, água e a terra[1].

Com o passar do tempo surgiram outros que inevitavelmente se puseram a analisar a physis procurando sua causa ou qual o significado da beleza encontrada nela. Temos assim Platão que busca o princípio de todo o criado no mundo das ideias[2] ou Aristóteles que escreveu diversos tratados que se detêm em torno deste tema e também muitos outros que apesar de não serem filósofos se punham dentro da mesma problemática.[3]

Avançando um tanto na história e saindo um pouco do campo filosófico nos detenhamos no episódio narrado no evangelho de Lucas, “Considerai os lírios, como crescem; não fiam, nem tecem. Contudo, digo-vos: nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles.” (Lc 12,27)[4]

“Nem Salomão em toda a sua glória jamais se vestiu como um deles”, um pequeno lírio que possui grande beleza. Quantos não são os homens que parando detiveram suas atenções sobre um lírio. Isso porque o lírio, que é uma simples criatura dentro do reino vegetal, possui algo que transcende sua aparência natural.

Os dados acima citados permitem perceber que em todas épocas históricas as criaturas foram objeto de contemplação e ponto de partida para inúmeras especulações.

Esse desejo de conhecimento é natural no homem. Qualquer criança, em sua mais tenra idade, já possui o desejo de entrar em contato com esse mundo exterior. Com o passar do tempo surge-lhe diversas questões como: O que faz com que o sol nasça todos os dias? O que mantém as estrelas em seus lugares?

Essa é uma sede que o homem tem de transcender as aparências captadas pelos sentidos no contato com o universo e apanhar algo do universo metafísico existente nas criaturas.

Dentre estes diversos pensadores que se puseram tais questões fixaremos nossa atenção em São Tomás de Aquino, dado o limite imposto por este trabalho. São Tomás, levado por essa sede de conhecimento, se põe também a analisar profundamente o universo criado e a tirar suas conclusões.

No contexto em que São Tomás viveu destaquemos um ponto que foi de grande importância para seu desenvolvimento filosófico. Este é o período em que a universidade de Paris aparece em sua vida. Tratando a respeito desta, afirma LAUAND, “podia-se estudar ali não só todas as ciências da época, mas pretendia-se estudá-las ‘filosoficamente’, tendo em conta o universum: ‘o todo das coisas divinas e humanas em universal’”, ele também comenta, “Na época de Tomás, era ela que dominava o panorama intelectual do Ocidente”, e ainda que, “todas as novidades e todas as questões que lá se discutiam encontravam ressonância universal” (1993, p.17).

A universidade de Paris era um ponto de convergência de inúmeros pensadores que estavam tomados pelo mesmo desejo de conhecimento que verificamos na antiguidade, mas de uma maneira requintada.

Lá pululavam inúmeras questões acerca do universo. Se este fora criado, se ele sofria alguma mutação, se as criaturas nele encontradas eram controladas por alguma força superior, etc.

São Tomás, segundo NICOLAS, foi encaminhado aos estudos em Paris pelo próprio mestre geral: “…levou-o a Paris, a capital dos Capetos, onde reinava o jovem São Luís, onde estavam terminando a construção de Notre-Dame e que começava seu destino de ‘Nova Atenas’. Chamada de ‘nobilíssima cidade de todos os estudos’, era o centro intelectual por excelência de toda a cristandade.” (2001, p. 23)

É neste contexto, segundo LAUAND, que “Tomás dirige sua busca filosófico-teológica ao ser, em abertura para a máxima totalidade… Tomás parte da experiência, do fenômeno, do ser tal como ele se manifesta.” (1993, p. 20)

Ele detêm a atenção sobre as criaturas e nelas busca o verum, o bonum, o unum e o pulchrum. Assim, a partir dos transcendentais captáveis nas criaturas, eleva-se Àquele que é a Verdade, a Bondade, a Unidade e a Beleza em essência e não por participação.

Após termos analisado brevemente alguns aspectos do Aquinate o tomaremos como base para a construção de nosso trabalho intelectual. A obra guia para este será a Suma Teológica. Esta, “é fruto e expressão de um homem e de uma vida, e também de um século, de um momento excepcional da história do pensamento.” (NICOLAS, 2001, p. 23)

Esse anseio por perscrutar o íntimo dos seres é algo que sempre acompanhou a existência. A partir desta visão entremos mais a fundo nessa problemática acerca das criaturas.


“CAUSA CAUSARUM”

Esse desejo de conhecer o que está além das aparências materiais leva o homem à procura de um ser superior. Segundo JOLIVET: “A ‘religião natural’ resulta do exercício de todas as nossas inclinações ou necessidades racionais: inclinação para a verdade, que inicia a procurar a explicação de todas as coisas num Deus Criador, Pai e Providência da humanidade; inclinação para o bem e para o belo, que nos leva a descobrir em Deus a fonte primária e o exemplar perfeito da Bondade e da Beleza, o princípio de toda justiça, o juiz incorruptível das consciências e o supremo desejável.” (1967, p.328)

A sede de busca de uma causa primeira do universo que é encontrada em todos os tempos da humanidade converge para encontrar o ponto de partida da criação. Segundo o Catecismo da Igreja Católica: “Criado à imagem de Deus, chamado a conhecer e a amar a Deus. O homem que procura a Deus descobre certas ‘vias’ para acender ao conhecimento de Deus. Chamamo-las também de ‘provas da existência de Deus’, não no sentido das provas que as ciências naturais buscam, mas no sentido de ‘argumentos convergentes e convincentes’ que permitem chegar a verdadeiras certezas. Estas ‘vias’ para chegar a Deus têm como ponto de partida a criação: o mundo material e a pessoa humana.” (CIC 31)

O homem quando se detém, por um breve instante que seja, a contemplar, por exemplo, um panorama montanhoso banhado pelos últimos raios do sol que declina no horizonte, fica maravilhado, pois, vendo aquela feeria de cores, se sente atraído e, quase que poderíamos dizer, arrastado a refletir sobre o que aquele ambiente celeste transmite.

SANTO AGOSTINHO diz: “Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do ar que se dilata e se difunde, interroga a beleza do céu… interroga todas estas realidades. Todas elas te respondem: olha-nos, somos belas. Sua beleza é um hino de louvor (confessio). Essas belezas sujeitas à mudança, quem as fez senão o Belo, não sujeito à mudança?” (Serm. 241, 2)

A respeito da beleza Platão já falara em seu tempo. FRAILE nos fornece as linhas gerais do pensamento de Platão acerca deste tema e algumas de suas palavras no famoso Banquete:

“Pelos caminhos extra-racionais do amor se chega à contemplação da Ideia ‘divina’ da Beleza. O processo ascendente do amor constitui também uma forma da Dialética. Partindo da contemplação dos seres corporais e sensíveis do mundo físico, se vai elevando na beleza moral, desta à beleza intelectual, até chegar finalmente à contemplação da Ideia da Beleza em si mesma, que é uma realidade ‘divina’ universal, da qual participam todas as demais belezas particulares.

“Isto é, na verdade, conduzir-se retamente nas coisas do amor, quando alguém começa a ascender, como por graus, dessas coisas belas particulares até aquela outra Beleza, passando primeiro de um a dois, e de dois até todos os corpos belos; depois, dos corpos belos aos belos costumes; logo dos belos costumes aos ensinamentos, que não é outra coisa que a doutrina da beleza enquanto tal, conhecendo finalmente, deste modo, o que é a Beleza em si mesma.”[5] (1982, pp. 354-355, tradução minha)

No Banquete Platão realmente nos mostra de uma forma claríssima o que ele pensava sobre a beleza: “O amor conduz o filósofo até a única ciência verdadeira, que consiste na contemplação da Beleza em si, que é uma realidade subsistente, objetiva, transcendente, eterna, imutável, que não nasce e nem morre, auto-suficiente, simples, incorpórea, divina e que diviniza ao homem que a possui, vínculo de toda a realidade, modelo do qual participam todas as coisas belas.”[6] (FRAILE, 1982, pp. 326-327, tradução minha)

Esse pensamento platônico é uma primeira ideia, ainda não nítida, a respeito da relação da beleza por participação com a Beleza subsistente.

As criaturas possuem graus de participação dos transcendentais[7], os quais se encontram em plenitude e por essência n’Aquele que é o Criador do universo. Por meio das vias propostas por São Tomás de Aquino podemos alcançar pela pura razão, sem o auxílio da fé, o conhecimento desse Criador. Segundo GONZALEZ, “As vias são demonstrações a posteriori que partem de diversos aspectos da criatura em quanto tal (efeitos), conhecidos pela experiência, e se remontam a Deus como Causa.” (1995, p. 109, tradução minha)[8]

As cinco vias partem do mundo criado para chegar Àquele que é incriado. Segundo o autor acima citado, “O ascenso metafísico até Deus tem seu início sempre na consideração das criaturas enquanto entes causados que estão reclamando uma causa incausada.” (1995, p. 109, tradução minha)[9]

Tudo o que é criado tem de possuir um criador, pois não existe efeito sem causa. Por exemplo, imaginemos um cálice que seja feito de ouro e incrustado de inúmeras pedras preciosas, com alguns detalhes em marfim e outras partes esmaltadas, este precisa de um ourives que trabalhe aquelas diversas matérias até que por fim o conclua. O cálice é um efeito que inevitavelmente precisou de uma causa que foi o ourives. Assim também o universo criado necessitou de um Ourives, mas um Ourives incriado que não transformou matérias existentes senão que tirou-as do nada. Tratando a respeito dos efeitos e das causas SÃO TOMÁS DE AQUINO afirma:

“Sempre que um efeito é mais manifesto que sua causa, recorremos a ele a fim de conhecer a causa. Ora, por qualquer efeito podemos demonstrar a existência de sua causa, se pelo menos os efeitos desta causa são mais conhecidos para nós, porque como os efeitos dependem da causa, estabelecida a existência do efeito, segue-se necessariamente a [pré-existência] de sua causa. Por conseguinte, se a existência de Deus não é evidente para nós, pode ser demonstrada pelos efeitos por nós conhecidos.” (S.Th. I, q.2, a.2)[10]

As criaturas são efeitos de Deus que foi seu Criador, conhecendo-as temos um conhecimento d’Ele, por mais que os efeitos sejam desproporcionais à causa, por esta ser incriada. Segundo SÃO TOMÁS DE AQUINO: “…deve-se afirmar que, por meio de efeitos desproporcionais à causa, não se pode obter desta causa um conhecimento perfeito; mas, como se disse, a partir de um efeito qualquer pode-se demonstrar claramente a existência da causa. Assim, partindo das obras de Deus, pode-se demonstrar sua  existência, ainda que por elas não possamos conhecê-Lo perfeitamente quanto à Sua essência.” (idem)[11]

Dessa maneira fica claro que a existência de Deus pode ser provada pelas vias da razão. Segundo o Catecismo, “Mediante a razão natural, o homem pode conhecer a Deus com certeza a partir de suas obras.” (CIC 50)

Todo o universo criado atrai o homem a refletir sobre o que vê. Através dessas especulações surgem essas diversas maneiras de conhecer o Criador como são as vias do Aquinate. Estas vias dizem respeito a conhecer nos seres o que eles possuem por participação, para assim alcançarmos de alguma maneira Aquele que é o Ser por excelência.

Segundo o Catecismo: “O mundo e o homem atestam que não têm em si mesmos nem seu princípio nem seu fim último, mas que participam do Ser em si, que é sem origem e sem fim. Assim, por estas diversas ‘vias’, o homem pode aceder ao conhecimento da existência de uma realidade que é a causa primeira e o fim último de tudo.” (CIC 34)

A esse respeito encontramos a seguinte afirmação feita por GONZALEZ, “O Ser por essência é causa dos entes por participação.” (1995, p. 149, tradução minha)[12]

Por meio dessas diversas vias somos capazes de ascender ao conhecimento de Deus. Esse conhecimento é ascendente pois ele parte daquilo que é captável pelos sentidos, ou seja, as criaturas, para chegar à Causa de todas as coisas.

Segundo o Magistério da Igreja: “Conhecemos a existência de Deus não por intuição imediata, nem por demonstração a priori, mas a posteriori, ou seja, ‘pelas criaturas’ (Rm 1,20), conduzindo o argumento do efeito até as causas; isto é, partindo das coisas que se movem e não podem ser seu próprio adequado princípio de movimento, até chegar a um primeiro motor imóvel; da produção das coisas mundanas por causas subordinadas entre si, até uma causa primeira não causada; das coisas corruptíveis que tanto podem ser como não ser, até o ente absolutamente necessário; daquilo que segundo diminutas perfeições do ser, viver, compreender, ora mais, ora menos é, vive e entende, até aquilo que maximamente compreende, maximamente vive, maximamente é; finalmente, da ordem do universo até o intelecto separado que ordenou e dispôs as coisas e as dirige ao fim.” (Denzinger 3622)[13]

Neste trecho o Magistério utiliza como fundamento a Epístola de São Paulo aos Romanos, na qual ele mostra-lhes como podem conhecer a Deus por meio do que vêem em si e nas demais criaturas: “Porquanto o que se pode conhecer de Deus eles o lêem em si mesmos, pois Deus lho revelou com evidência. Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis à inteligência, por suas obras.” (Rm 1,19-20)

Como afirma São Paulo, por meio das criaturas é possível chegar à sua Causa, que é Deus. Se olharmos a beleza do universo somos capazes de subir à Beleza excelsa. Segundo TERLIZZI:

“Em Deus existe a beleza de um modo infinito e perfeitíssimo pois: 1º Deus reúne em si todos os elementos constitutivos da beleza em modo excelso: a) A unidade, em sua natureza una e simplicíssima, cuja essência confunde-se com a existência. b) A integridade no cúmulo de todas as perfeições, próprias do ser necessário. c) A variedade na diversidade e multiplicidade dos seus divinos atributos. d) A proporção, pelo modo com que estes atributos concorrem para harmonia da divina essência. e) Enfim a resplendência da forma puríssima, que é a sua divina essência.

“2º Deus possui estes elementos eminenter, sendo a causa primeira e necessária, e portanto a fonte de toda a beleza tão real que ideal.

“3º Deus não é tão somente belo, no modo que este predicado aplica-se ás outras criaturas, mas é belo no sentido de ser a mesma Beleza por essência, de ser a sua beleza subsistente e não participada e dependente como a das criaturas.” (1912, p.265)[14]

Assim, fica claro como a partir das criaturas podemos chegar ao conhecimento de Deus.

Trecho extraído da monografia: O Universo criado será uma via segura para se conhecer o Criador?: a 4ª via de São Tomás

Por Diác. Dartagnan Alves de Oliveira

* Na próxima semana continuaremos esse trabalho, vendo como os seres dentro do universo possuem uma participação em graus variados no Ser por excelência.


[1] Cf. Apostila da História da Filosofia Antiga, 2006, pp. 15-16, utilizada pelo Côn. Dr. José Adriano no curso de Filosofia, na disciplina de História da Filosofia.

[2] Cf. PADOVANI & CASTAGNOLA (1964, pp. 62-71).

[3] Cf. PADOVANI & CASTAGNOLA (1964, pp. 71-84).

[4] Bíblia Ave-Maria, Tradução dos Monges Beneditinos de Maredsous.

[5] Por los caminos extrarracionales del amor se llega a la contemplación de la Idea “divina” de la Belleza. – El proceso ascendente del amor constituye también una forma de la Dialéctica. Partiendo de la contemplación de los seres corpóreos y sensibles del mundo físico, se va elevando a la belleza moral, de ésta a la belleza intelectual, hasta llegar finalmente a la contemplación de la Idea de la Belleza en sí misma, que es una realidad “divina” universal, de la cual participan todas las demás bellezas particulares.

“Esto es, en verdad, conducirse rectamente en las cosas de amor, cuando alguno comienza a ascender, como por grados, de estas cosas bellas particulares hacia aquella otra Belleza, pasando primero de uno a dos, y de dos a todos los cuerpos bellos; después, de los cuerpos bellos a las bellas costumbres; luego de las bellas costumbres a las ensenãnza que no es otra cosa que la doctrina de la belleza en cuanto tal, conociendo, finalmente, de este modo lo que es la Belleza en sí misma”.

[6] El amor conduce al filósofo hasta la única ciencia verdadera, que consiste en la contemplación de la Belleza en sí, que es una realidad subsistente, objetiva, trascendente, eterna, inmutable, que no nace ni perece, autosuficiente, simple, incorpórea, divina y que diviniza al hombre que la posee, vínculo de toda la realidad, modelo del cual participan todas las cosas bellas.

[7] Com este termo ou com transcendente, começaram a ser denominadas, no fim do século XIII, as propriedades que todas as coisas têm em comum, que por isso excedem ou transcendem as diversidades de gêneros em que as coisas se distribuem … os transcendentais ou transcendentes já haviam sido definidos por Tomás de Aquino como as propriedades “que se acrescentam ao ente e expressam um de seus modos que não é expresso pelo nome do ente.” (ABBAGNANO, 2007, p. 1158)

[8] Las vías son demonstraciones a posteriori que parten de diversos aspectos de la criatura en cuanto tal (efectos), conocidos por la experiencia, y se remontan a Dios como Causa.

[9] El ascenso metafísico hasta Dios tiene su inicio siempre en la concideración de las criaturas en cuanto entes causados que están reclamando una causa incausada.

[10] …cum enim effectus aliquis nobis est manifestior quam sua causa, per effectum procedimus ad cognitionem causae. Ex quolibet autem effectu potest demonstrari propriam causam eius esse (si tamen eius effectus sint magis noti quoad nos): quia, cum effectus dependeant a causa, posito effectu necesse est causam praeexistere. Unde Deum esse, secundum quod non est per se notum quoad nos, demonstrabile est per effectus nobis notos.

[11] …dicendum quod per effectus non proportionatos causae, non potest perfecta cognitio de causa haberi: sed tamen ex quocumque effectu potest manifeste nobis demonstrari causam esse, ut dictum est. Et sic ex effectibus Dei potest demonstrari Deum esse: licet per eos non perfecte possimus eum cognoscere secundum suam essentiam.

[12] el Ser por esencia es causa de los entes por participación.

[13] Deum esse neque immediata intuitione perciapimus, neque a priori demonstramus, sed utique a posteriori, hoc est, ‘per ea quae facta sunt’ [cf. Rm 1,20], ducto argumento ab effectibus ad causam: videlicet, a rebus quae moventur et sui motus principium adaequatum esse non possunt, ad primum motorem immobilem; a processu rerum mundanarum e causis inter se subordinatis ad primam causam incausatam; a corruptilibus quae aequaliter se habent ad esse et non esse, ad ens absolute necessarium; ab iis quae secundum minoratas perfectiones essendi, vivendi, intelligendi, plus et minus sunt, vivunt, intelligunt, ad eum qui est maxime intelligens, maxime vivens, maxime ens; denique, ab ordine universi ad intellectum separatum, qui res ordinavit, disposuit, et dirigit ad finem.

[14] Procuramos não modificar o português antigo que é encontrado em algumas citações deste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Tradução de Alfredo Bosi. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ADRIANO, Côn. Dr. José. História da Filosofia Antiga. São Paulo, 2006, pp. 15 e 16. Apostila sobre a história da filosofia antiga.

AQUINO, São Tomás de. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 2002.

_____. Suma contra os gentios: Livros I e II. Tradução de D. Odilão Moura e D. Ludgero Jaspers; revisão de Luis Alberto De Boni. Porto Alegre: Livraria Sulina Editora, 1990.

_____. El libro rojo de Dios. Pamplona: Ediciones Don Bosco.

_____. Verdade e conhecimento: Questões disputadas “Sobre a verdade” e “Sobre o verbo” e “Sobre a diferença entre a palavra divina e a humana”. Tradução, estudos introdutórios e notas de Luiz Jean Lauand e Mario Bruno Sproviero, São Paulo: Martins Fontes, 1999.

_____. Compendio de teología. Tradução de León Carbonero y Sol. Madrid: Ediciones Orbis S.A.

_____. Compendio de teologia. Estudio preliminar, traducción y notas por Jose Ignacio Saranyana y Jaimej Restrepo Escobar. Madrid: Ediciones Rialp, S.A., 1980.

BÍBLIA. Português. 161. ed. Tradução dos Monges Beneditinos de Maredsous. São Paulo: Ave-Maria, Claretiana, 2005.

BRUYNE, Esgar de. L’esthétique du moyen age. Louvain: Éditions de l’institut supérieur de philosophie, 1947.

CAPANAGA, P. Victorino, O.R.S. A. Obras de San Agustin. 2. ed. Madrid: La Editorial Catolica, S.A., MCML.

CATECISMO da Igreja Católica: edição revisada de acordo com o texto oficial em latim. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2001.

DENZINGER, Heinrich. Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral. Tradução de José Marino e Johan Konings. São Paulo: Paulinas e Edições Loyola, 2007.

FRAILE, Guillermo, O.P. Historia de la filosofia I: Grecia y Roma. 5. ed. Madrid: La Editorial Catolica, S.A., MCML.XXXII.

GARRIGOU, Lagrange. La existencia de Dios: Solución tomista de las antinomias agnósticas. 2. ed. Tradução de José San Roman Villasante. Madrid: Ediciones Palavra, S.A.

GONZALEZ, Angel Luis. Teologia natural. 3. ed. Pamplona: Ediciones Universidad de Navarra, S.A., 1995.

JOLIVET, Régis. Curso de filosofia. 8. ed. Tradução de Eduardo Prado de Mendonça. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editôra, 1966.

_____. Tratado de filosofia II: Psicologia. 2. ed. Tradução de Gerardo Dantas Barretto. Rio de Janeiro: Livraria Agir Editôra, 1967.

LAUAND, Luiz Jean. Oriente & Ocidente: Razão, natureza e graça Tomás de Aquino em sentenças. São Paulo: Edix.

_____. Tomás de Aquino, hoje. São Paulo: GRD; Curitiba: Champagnat, 1993.

PADOVANI, Humberto; CASTAGNOLA, Luís. História da Filosofia. 6. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1964.

REALE, Giovanni. História da filosofia antiga: Léxico, índices, bibliografia. Tradução de Henrique C. de Lima Vaz Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1995.

_____. Para uma nova interpretação de Platão: Releitura da metafísica dos grandes diálogos à luz das “Doutrinas não-escritas. 14. ed. Tradução de Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1997.

STIRN, François. Compreender Aristóteles. Tradução de Ephraim F. Alves. Petrópolis: Vozes, 2006.

TERLIZZI, Padre Francisco M. Breve curso de philosophia: Para o uso da mocidade. Roma: Libreria “Propaganda”, 1912.

TORREL, Jean-Pierre, O.P. Iniciação a Santo Tomás de Aquino: Sua pessoa e sua obra. 2. ed. Tradulção de Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Loyola,1999.

VERNEAUX, Roger. Filosofía del hombre. 11ª ed. Barcelona: Empresa Editorial Herder, S.A., 2002.