Em meio ao típico colorido sevilhano, ergue-se a secular torre cuja arrebatadora beleza sintetiza a história daGiralda Andaluzia.

Marcos Eduardo Melo dos Santos – 2º ano de Teologia 

Todos os anos, milhões de visitantes acorrem do mundo inteiro, ávidos de admirar as ­cores, os sabores e os ritmos deste país ímpar que é a Espanha.

O destino de boa parte desses viajantes é Sevilha, a alegre e colorida cidade banhada pelo rio Guadalquivir, famosa por suas feiras populares e pelas pitorescas e tortuosas vielas cheias de charme, pontilhadas de fachadas batidas pelo Sol, em meio às quais passeiam as vivas tonalidades das mantillas e dos trajes andaluzes.

Mas toda a profusão de aspectos desta cidade multissecular poderia ser sintetizada em seu mais famoso marco: a Giralda.

A história desta torre é a história de Sevilha. Ela se ergue triunfante, como que premiada pelas vitórias, mas também com as marcas dos desastres superados com galhardia, como o terremoto de 1365.

Construída por ordem de Abu Yaqub Yusuf, como minarete da antiga mesquita, tinha originalmente 51 metros de altura. Segundo alguns historiadores, pretendia o rei almôade celebrar a vitória de suas tropas na Batalha de Alarcos (1195) com uma soberba torre que se destacasse na então capital de Al-Andalus. Séculos depois, foram encontradas na base da torre epígrafes em latim, revelando a reutilização de pedras das ruínas do antigo fórum romano.

São Fernando de Castela, após a reconquista da cidade em 1248, subiu a cavalo as 35 rampas que levam até o topo, para dali contemplar a ­bela capital muçulmana onde haveria de instalar sua corte. Em 1412, a torre foi incorporada ao maior templo gótico até hoje existente: a Catedral de Santa Maria de Sevilha. Lá descansam em paz os restos deste santo e valente rei.

Sob o governo de Felipe II, herdeiro do Imperador Carlos V, a Espanha alcançou glórias e triunfos extraordinários. Tais sucessos também se refletiram na vetusta edificação. Em 1558, o arquiteto Hernán Ruiz recebeu do cabido da catedral a incumbência de substituir a parte superior da torre por um corpo de sinos e uma cúpula. Concluídos os trabalhos em 1568, ­esta atingiu 97,5 metros, tornando-se a mais alta do mundo, na época.

A obra de Hernán Ruiz foi coroada pela estátua de uma dama, simbolizando a Fé Vitoriosa. Apoiada sobre um eixo móvel, a grande peça escultural de mais de uma tonelada gira segundo a direção dos ventos. O vivaz povo sevilhano logo batizou de Giraldillo a estátua, e de Giralda a torre.

A Giralda — como referiu o Servo de Deus João Paulo II, ao visitar essa cidade em 1993, por ocasião do Congresso Eucarístico Internacional — é o símbolo de Sevilha. Na verdade, em suas rudes pedras encontra-se gravada a história da Andaluzia, desde os tempos dos romanos e fenícios, e sabendo harmonizar as artes mourisca, gótica e renascentista.