Virtudes necessárias para bem receber as correções
E a atitude de quem é corrigido? “Não rejeites, meu filho, a correção do Senhor, nem caias no desânimo quando Ele te castiga, porque o Senhor castiga aquele a quem ama, e acha nele a sua complacência como um pai em seu filho” (Pr 3, 11-12).
A tendência natural de quem é inexperiente na vida é de julgar que quando alguém, sejam nossos pais ou superiores ou até um irmão, nos corrige, está mostrando claro sinal de que não nos ama. Isso também é uma idéia falsa, além de ser falta de humildade.
Depois do pecado original todos nós estamos sujeitos às mais fortes inclinações de orgulho que devem ser reprimidas e encarceradas dentro de nós sob pena de nos jugular.
Infelizmente muitos de nós não o temos totalmente dominado e vivemos em luta constante para vencê-lo. Para isso, a correção é um ótimo remédio, pois será indispensável humildade a fim de aceitá-la.
Além disso, é um dever até de educação agradecer um bem que recebemos, em especial as correções. Para fazê-lo também precisamos de humildade, pois quem agradece se põe como inferior. Assim como todos os vícios estão intrinsecamente ligados à soberba, assim também as virtudes estão todas unidas à humildade. A gratidão é também uma virtude que muito nos ajudará a vencermos os defeitos, pois aumentará nossa humildade.
É também muito importante que fique claro qual a atitude concreta que eu devo tomar depois de receber uma correção. Não basta ouvi-la com humildade, agradecer da “boca para fora” e continuar a viver como se nada tivesse acontecido. É necessário um propósito sério e firme de mudar. Para isso, será indispensável recorrer tanto ao auxílio sobrenatural quanto ao dos nossos superiores, pois sem um forte apoio destes, dificilmente chegamos à perfeição que devemos.
Nem todos aceitam as correções
Infelizmente, nem todos reconhecem suas faltas e aceitam as correções, pelo que merecem um trato diferente daqueles que são humildes e gratos pelas admoestações que recebem.
“Se recusa ouvi-las dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja para ti como um pagão e um publicano”. (Mt 18,17) Porque isto? E a misericórdia, onde fica? Aqui outro valor mais alto se faz presente: o da própria Esposa de Cristo.
Se aquele que recebe uma correção não der ouvidos à voz da Igreja – que poderá estar sendo representada por uma comunidade ou família religiosa – será indispensável um rompimento de relações. A consideração de todos os membros do Corpo Místico a seu respeito será como a de uma pessoa perniciosa, que está colocando em risco a saúde de todo o Corpo, e tal como um membro gangrenado deverá ser cortado. Não proceder assim, será não apenas conivência, mas grave omissão, pois estar-se-á pondo em risco muitas outras almas.
Além disso, talvez com o instinto de sociabilidade contundido, ainda haja uma possibilidade de o pecador voltar atrás e se converter. Mas se tal não se der é necessário haver um corte definitivo.
Dentro de uma caixa de maçãs, na qual uma está podre, qual deve ser o procedimento? Esperar que as boas restabeleçam a saúde da podre, ou que a podridão da que está ruim passe inevitavelmente para as boas?
Qual deverá ser minha atitude?
Em face de toda esta problemática, qual será minha atitude? A daquele que está disposto tanto a receber as correções como de as fazer quando tiver obrigação, ou o de quem, fechado em si mesmo e despreocupado com os outros, rejeita as correções e pouco se importa com o bem espiritual dos irmãos?
Antes de tudo nossa atitude deve ser de muita confiança em Nossa Senhora, sabendo que Ela é a principal interessada em nos salvar. Como diz o Prof. Plinio Correa de Oliveira “Há no livro da sabedoria um trecho que mostra a sabedoria como uma mendiga que desde a madrugada, desde a aurora está à porta das pessoas pedindo que lhe abram. Esta é a vossa posição, oh Senhora! Enquanto eu durmo, Vós desviais de mim a cólera divina pedindo que Nosso Senhor me ajude e me perdoe. Vós estais à porta de minha alma desde a manhã até à noite, agradando, sorrindo, afagando, perdoando, orientando, à espreita do momento de agir.
Sejamos sábios, amemos a correção.
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