Guilherme Cueva Segura da Silva
Oh! Como Deus é a Beleza! Com o sol pode-nos mostrar sua delicadeza em embelezar cada criatura, por menor e frágil que seja sem perder nada em seu fulgor original!
De modo suave e tranquilizador, as badaladas do sino chamam-nos de nosso merecido repouso, e com agilidade, aprontamo-nos para começar a labuta do dia. Acordamos sonolentos, com os olhos mal acostumados da claridade já reinante. E, quando menos esperamos, nos vemos de frente com o grande astro-rei: o sol. E aquele muro feio e quebrado, indicando que precisa de uma reforma, parece a nós uma fortaleza inexpugnável, iluminada pelos belos raios solares! Aquele campo mal cuidado, cheio de “dinossauros” em miniatura, coberto apenas de tufos de gramas com aparência de ervas daninhas, agora é como um lindo jardim de Versailles, coberto de um manto verde e celestial, molhado não com orvalho, mas incrustado com reluzentes pedras preciosas!
Transformar algo, que de si é feio e inútil, em algo magnifico e transcendente é ser um instrumento de Deus, modelando tudo de acordo com a Beleza.
Mas, é quando o sol se põe que então exala os melhores raios. Quando o nosso gigante prepara-se para terminar seu trabalho é que melhor vai embelezar o que se põe a seus “pés”. De fato, tingindo todo céu azul de uma multidão de cores, dando às nuvens um caráter todo alegre e transformando-se numa intensa e sóbria bola de fogo, dá a toda mata uma vida impressionante, mostra-se melhor em sua benevolência.
Ah! Quão alegres deveriam ficar as pequenas plantas ganhando um colorido todo especial! Quão alegres ficariam os pequenos animais ao verem-se no meio de uma feeria de maravilhas! Quão alegres ficamos nós ao vermos tantas maravilhas, podendo, assim, remeter sempre àquele que possui toda a beleza, ou melhor, que é a própria Beleza!
Oh! Como Deus é a Bondade! Deu-nos o sol para simbolizar sua grande magnificência, seu grande desejo de esquentar e confortar os que se abrigam a seus raios!
Oh! Como Deus é a Beleza! Com o sol pode-nos mostrar sua delicadeza em embelezar cada criatura, por menor e frágil que seja sem perder nada em seu fulgor original!
Oh! Como Deus é a Verdade! Sem Ele as coisas não são! E com Ele tudo passa a existir e assemelhar-se a Ele!
Assim, podemos tirar uma lição dessa grande obra de Deus: se Ele é Bondade, porque não sermos bom com nossos irmãos na Fé, esquentando no fogo do amor fraterno os corações gelados pela insensibilidade e falta de entusiasmo?
Se Deus é Beleza, por que não nos limitamos a comentar o que há de belo em nossos companheiros, vendo pelo prisma da admiração, esquecendo os defeitos que enfeiam o convívio?
Por que não deixamos as rixas e briguinhas de lado, procurando a única verdade: sermos santos, assemelhando-nos à Verdade?
Se seguirmos esses princípios, seremos quais novos sóis, verdadeiros fachos de luz, a iluminar e disseminar bondade, beleza e verdade! Transformando tudo que nos toca em pedras magníficas para apresentar a Deus e sua Mãe, que estão nos céus!
Imaginemos nós que a uma planta pequena, feia e raquítica, Deus concedeu inteligência. Que considerações ela faria?
“Ai, ai! Como sou miúda e horrível! Não sou uma bela flor, para atrair a atenção dos outros pela minha aparência, nem tampouco sou uma gigante árvore para aliviar os que vêm passear em minha sombra! Não tenho solução! Vou ficar no esquecimento e minha vida vai se passar sem poder eu fazer um bem a alguém que seja!”
Será que a plantinha está certa?
“Porém, há algo que pode me fazer mais do que sou. Há alguém, que, iluminando-me com seus raios, pode acrescentar-me algo que não tenho. Esse é o sol! Com ele, minhas pequenas folhas transluzirão, eu própria mudarei de aspecto. Ó sol! Eu vos esperarei nas noites mais escuras, eu vos esperarei nas chuvas mais densas, eu vos esperarei após os tufões mais violentos! Pois sei que um dia aparecereis por de trás das nuvens e me mudareis para me assemelhar a vós! Aconteça o que acontecer, confiarei!”
E nós? Estamos em situação diferentes? Somos pecadores, nossa alma se perdeu muitas vezes pelos caminhos pardacentos da impiedade. Mas há algo que pode nos tornar tão belos, a ponto de nos deixar dignos do próprio Deus! “Ó Graça, sem ti as coisas não seriam senão o que elas são!” Esse é o sol de nossa alma! Podem vir tormentas de desolação, tempestades de provações; podem vir noites que não acabam mais, nuvens que toldem completamente a visão, que eu esperarei! Pois algum dia, Nossa Mãe, aparecendo por trás das brumas da incerteza, mandará uma graça para todos aqueles que confiaram, com uma confiança sem limites! E, quando esse dia chegar, aquele que confiou pode enfim dizer: “ó História! Quantos heróis Vós vistes? Vede agora um filho de Maria Santíssima que tornou-se “o que não seria se não fosse banhado pela milagrosa luz da Graça”.
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