Thiago de Oliveira Geraldo – Professor de Introdução às Sagradas Escrituras no ITTA
Magos vindos do Oriente, aos quais apareceu a miraculosa estrela mostrando-lhes o caminho até Jerusalém, personagens míticos que não se sabe bem sua procedência, se vieram da Arábia, da Babilônia ou talvez da Pérsia. A piedade cristã os denominou reis, cujos nomes ficaram conhecidos como Gaspar, Melchior e Baltazar.
A estes magos astrônomos, acostumados pela observação do céu a interpretar os acontecimentos, Deus quis revelar-se primeiro pela natureza através de um astro, mas logo que chegaram a Jerusalém, sua inspiração foi confirmada pelas Sagradas Escrituras, na profecia de Miqueias, como indicaram os príncipes dos sacerdotes e os escribas, grandes conhecedores das Escrituras. A cidade em que deveria nascer o menino era a antiga cidade de David: Belém, na Judeia.
Herodes, que governava toda aquela região, possuía grande poder e prestígio, mas acabou por amedrontar-se pelo nascimento daquela criança, que – segundo ele – poderia vir a fazê-lo perder seu trono. Enviou os magos a Belém na esperança de descobrir o paradeiro deste rei que acabava de nascer, a fim de matá-lo. Não conseguiu levar a cabo seu plano e, por isso, cometeu um grande assassinato de crianças inocentes, com o intuito de atingir também o Menino Deus, mas os desígnios da Providência não foram alterados e a Sagrada Família saiu ilesa deste atentado.
Os magos foram os primeiros representantes do mundo pagão a adorar o Menino Jesus. Por meio deles está simbolizado que o Filho de Deus veio à terra para atrair a Si todo o mundo. Quando entraram na casa onde se encontrava Maria Santíssima com seu Divino Filho, não viram um suntuoso rei ostentando riquezas e um poder inigualável, mas apenas uma criancinha protegida por sua Mãe; e eles o adoraram…
Que presente oferecer ao rei que acabava de nascer?
Os presentes que eles ofertaram eram as riquezas do Oriente naquela época: ouro, incenso e mirra. Há um simbolismo feito pelos Padres da Igreja, e entre eles Santo Agostinho, acerca destes dons regalados ao Menino Jesus. O ouro, símbolo da realeza, foi entregue a fim de lembrar que aquela criança é o Rei dos reis; o incenso, cuja fumaça sobe aos céus durante os sacrifícios, recorda que esta pequena e frágil criatura é o Senhor do Universo, Deus verdadeiro; e a mirra, unguento perfumado, geralmente usado para embalsamar os mortos, prediz que Jesus Cristo veio ao mundo a fim de salvá-lo através de seu oferecimento de morte na cruz.
Outros santos, como São Gregório Magno, interpretaram de outro modo o valor espiritual destes presentes. Viram no ouro o oferecimento da luz da sabedoria a Nosso Senhor; no incenso, é expressa a devoção a Deus por meio da oração; e na mirra, damos a mortificação da própria carne, com a abstinência.
Neste Natal rememoramos o nascimento do Menino Jesus, mas será que já pensamos em algum presente para lhe oferecer?
Talvez não tenhamos estas riquezas do Oriente. No entanto, há uma coisa que se pode regalar ao Divino Infante neste Natal, é a nossa fé. Mais importante que os presentes obsequiados pelos magos quando visitaram a casa onde se encontravam o Menino com sua Mãe, foi a adoração que fizeram, como afirma o Papa Bento XVI: “O ápice do seu itinerário de busca foi quando se encontraram diante ‘do menino com Maria sua mãe’ (Mt 2, 11). Diz o Evangelho que ‘se prostraram e o adoraram’. Teriam podido ficar desiludidos, aliás, escandalizados. Mas não! Como verdadeiros sábios, estão abertos ao mistério que se manifesta de modo surpreendente; e com os seus dons simbólicos demonstram reconhecer em Jesus o Rei e o Filho de Deus. Precisamente com aquele gesto cumprem-se os oráculos messiânicos que anunciam a homenagem das nações ao Deus de Israel”.1
Nós também podemos Lhe prestar esta adoração e reconhecê-lo como Deus que se Encarnou e morreu na cruz para nos salvar.
1-BENTO XVI. Solenidade da Epifania do Senhor. Angelus. Quarta-feira, 6 de Janeiro de 2010.
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